Agricultura familiar em Pelotas: crédito e diversificação

02/06/22
Por: Robson Becker Loeck
robson.loeck@gmail.com

Robson Loeck, Rodrigo Prestes e Francisco de Arruda (*)

O município de Pelotas possui em seu interior uma diversidade produtiva e de públicos. Agricultores familiares, agricultores médios e empresariais, assentados da reforma agrária, indígenas, quilombolas, pecuaristas e pescadores artesanais que produzem ou ofertam um leque de produtos.

Em relação a agricultura, a produção de arroz, de tabaco e de soja se destacam pela movimentação financeira que proporcionam, mas, não estão só no rural, convivendo com outras culturas e atividades.

E, justamente essas outras produções estão especialmente presentes no público prioritário da Emater/RS-Ascar, que são os agricultores familiares. São eles os responsáveis pela produção de frutas, grãos (feijão, milho e soja), hortaliças, leite e carne (bovina, de aves e peixes) que abastecem a cidade e a região.

Para tanto, esses agricultores lançam mão da obtenção de crédito no sistema financeiro e, no caso da maioria deles, se recorre para o custeio da produção ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Em 2020, foram 203 projetos (R$ 6.290.741) realizados no Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar. Ocorreu um aumento de 15% em 2021, chegando a 236 projetos (R$ 10.522.377), ano em que mais agricultores buscaram por crédito (140% a mais). E, esse ano, até o momento, foram 69 projetos (R$ 2.750.637), um acréscimo de 20% em relação ao ano anterior.

Os recursos financiados são destinados para várias atividades, entre elas, estão a produção ou o cultivo de: abóbora, brócolis, carnes, couve-flor, figo, fumo, laranja, leite, milho, morango, pêssego, pimentão, plantas ornamentais, soja, tomate e uva.

A equipe do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar presta assessoramento para que as famílias façam bom uso do crédito recebido. Mas, para além disso, desenvolve uma série de outras ações e execução de políticas públicas. Em 2022, tem focado o trabalho no fortalecimento e criação de agroindústrias, na bovinocultura de leite, na olericultura, na cultura do pêssego e morango.

Em Pelotas são 605 produtores de pêssego, que utilizam uma área de 3.000 hectares, sendo 150 destes irrigados, com a cadeia produtiva movimentando em torno de R$ 200.000.000,00. Já a bovinocultura de leite movimenta com 5.000 cabeças, aproximadamente, R$ 29.000.000,00, sendo composta por 235 produtores.

A olericultura é outra atividade importante, realizada por 400 agricultores familiares em uma área total de 400 hectares, que comercializam a produção em feiras, em empreendimentos locais e nos mercados institucionais. Nesse segmento, a produção agroecológica é, hoje, realizada por 54 agricultores certificados.

Uma interessante novidade é o acréscimo de produção de morangos nos últimos anos, que tornou o município o quarto maior produtor do estado. Numa área de 40,5 hectares, 170 produtores se dedicam a produzir em diferentes sistemas de cultivo: substrato e convencional (no solo). A produção aproximada é de 1.600.000 kg, que correspondem a uma movimentação de R$ 16.000.000.

Outro fato a destacar é a agregação de valor aos produtos, que é cada vez mais uma realidade no interior de Pelotas. São 24 agroindústrias familiares produzindo panificados, sucos, vinhos, embutidos, laticínios, cogumelos, molhos, minimamente processados, frutas, ovos, mel, doces e conservas.

Demonstra-se, assim, nessas breves linhas, a diversificação de produções em Pelotas e a importância do Pronaf, enquanto política pública, para que elas continuem. E, importante dizer também que toda essa diversificação de culturas e criações tem levado os agricultores a modernizarem o seu parque de máquinas, via Pronaf Mais Alimentos, e a buscar melhorias em suas residências, acessando recursos do Pronaf Habitação.

(*) Robson Loeck (sociólogo), Rodrigo Prestes e Francisco de Arruda (engenheiros agrônomos) são extensionistas rurais e integrantes da Equipe do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Pelotas.

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